quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma Indagação

Meu povo e minha pova,
O ÓCIO NÃO EXISTE
Em primeiro lugar, devo me apresentar. Meu nome é Amanda e não sou isso nem aquilo – EU SOU.
O ócio como se tem compreendido até agora é um estado onde nada se faz, nada se cria. O que mais indesejável do que o ócio numa sociedade patriarcal e capitalista, onde para sobreviver é preciso vender a alma?
O que é uma ação produtiva?Muitas vezes vão questionar o nível de produtividade das nossas ações, porque tudo tem que ter uma função. Por causa desse tipo de pensamento a arte e a filosofia são marginalizados dentro do sistema atual. Para quê fazer arte? Pintar uma tela - e pior ainda, uma tela abstrata, ou pior ainda, uma arte contemporânea, uma performance... Para que serve isso? Isso dá dinheiro? Dá. Pior é que dá e tem gente com esse pensamento restrito de limitar sua arte a uma máquina de fazer dinheiro em Salões. Mas esse é um assunto específico para depois; a arte é essencialmente uma busca pela transcendência. E quem quer transcender? Transcender nos dias de hoje pode significar o risco da loucura. Esta é outra palavra que não existe. Coisa mais indesejável para o sistema é alguém saindo da linha do normal. Segundo o grande Yogi brasileiro, Senhor José Hermóges, a sociedade sofre de uma doença é a normose. Uma pessoa que sofre de normose é uma pessoa normótica. Para essa doença eu prescreveria um retiro espiritual fora da caverna. Trata-se de uma caverna erguida sobre pilares conceituais que já se encontram arraigados na mentalidade geral. Livrar-se disso pode ser uma longa jornada e extremamente trabalhoso. Sim, para muita gente é muito trabalhoso “fazer nada”.  Dedicar-se a contemplar, observar a própria respiração e os pensamentos, por exemplo, pode exigir um esforço sobrenatural para quem está acostumado a correr atrás do queijo. É isso mesmo, colocaram a isca na cabeça do burrinho e ele até hoje vive atrás dela.
Por isso eu digo, pare e pense. Pense e pare. A reflexão ,o exercício criativo e o sonhar são coisas nobres a se fazer, porque não se limitam ao conhecido, vão além.
Por essa razão o ócio não existe. O pensamento, como componente fundamental das nossas ações, é comprovadamente impossível de ser parado. O pensamento é uma ação que constrói a nossa realidade, independente de ser materializado ou não.
A proposta da nossa filosofia ociosa – e eu chamo filosofia porque esta é a ciência do pensar – é questionar esse fazer automático desenfreado e incitar a reflexão e o uso criativo do nosso tempo.

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